Monday, March 26, 2007

Meu amigo Cadu, minha companhia, minha outra parte, meu orgulho e diversão...



Me senti convidado a pensar no café. No meu café.
A violar o meu café.
Sobretudo me senti obrigado a trazer à mente o gosto amargo que conserto com o açúcar e com a minha companhia, o meu café. Talvez seja isto mesmo: o café é meu.
Eu não convido conversas; convido cafés. Eu não abro os olhos de madrugada, eu – café – madrugada. O café escuro, o açúcar claro – a mistura, o café. O filme, o café e os astros, a galáxia, o Godard, o café. Quanto de vertigem eu tomo no meu café? Quanto de amor eu dissolvo a cada café? Quantos dias eu senti meu pulso acelerar, e quantas vezes não pude com o café, meu perigo de crise. Um café, e minha verdade plena, os olhos enormes de um amigo, de lago, os olhos dele no café.
A pausa na conversa – pegar um café. A resistência à conversa, a necessidade de um café.
A memória: a boiada levantando poeira ao fundo, a velha correndo preparar o café. Um cafezim. O almoço, os dentes, o café. Um bom dia, um café. Um cigarro, um café, outro cigarro, outro café. A biblioteca, o café; o café no livro. Todo o meu convite, um café. O afeto, o café.
O café é meu.



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