Tuesday, May 09, 2006

O BARCO


...meu coração não aguenta, tanta tormenta.

Mas também não sei se viveria bem em paz!
Cada dia na minha cabeça há confusão, nem perto de decidir algo.

OS ARGONAUTAS - CAETANO VELOSO

O barco, meu coração não agüenta tanta tormenta, alegria
Meu coração não contenta o dia, o marco, meu coração o porto, não
Navegar é preciso, viver não é preciso
Navegar é preciso, viver não é preciso
O barco, noite no teu tão bonito
Sorriso solto, perdido
Horizonte madrugada o riso, o arco da madrugada, o porto, nada
Navegar é preciso, viver não é preciso
Navegar é preciso, viver não é preciso
O barco o automóvel brilhante o trilho solto, o barulhoDo meu dente em tua veia
O sangue, o charco, barulho lento o porto, silêncio
Navegar é preciso, viver não é preciso...

Navegar é Preciso
Navegadores antigos tinham uma frase gloriosa: "Navegar é preciso; viver não é preciso".
Quero para mim o espírito [d]esta frase, transformada a forma para a casar como eu sou:
Viver não é necessário; o que é necessário é criar. Não conto gozar a minha vida; nem em gozá-la penso. Só quero torná-la grande, ainda que para isso tenha de ser o meu corpoe a (minha alma) a lenha desse fogo.
Só quero torná-la de toda a humanidade; ainda que para isso tenha de a perder como minha. Cada vez mais assim penso.
Cada vez mais ponho da essência anímica do meu sangue o propósito impessoal de engrandecer a pátria e contribuir para a evolução da humanidade.
É a forma que em mim tomou o misticismo da nossa Raça.

Fernando Pessoa

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