Thursday, February 01, 2007

Soneto do Olho do Cú

Soneto do Olho do Cú
Paul Verlaine e Arthur Rimbaud

Obscuro e franzido como um cravo roxo,
Humilde ele respira escondido na espuma,
Úmido ainda do amor que pelas curvas suaves
Dos glúteos brancos desce à orla de sua auréola.
Uns filamentos como lágrimas de leite,
Choraram ao vento inclemente que os expulsa,
Passando por calhaus de uma argila vermelha,
Para escorrer por fim ao longo das encostas.
Muita vez minha boca uniu-se a esta ventosa,
Sem poder ter o coito material, minha alma
Fez dele um lacrimário, um ninho de soluços.
Ele é a tonta azeitona, a flauta carinhosa,
Tubo por onde desce a divina pralina,
Canaã feminino que eclode na umidade .